sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Casos de dengue em SP diminuíram 60% em janeiro.


Foto: Agência BrasilZoomAgente de saúde observa larvas em garrafa
Agente de saúde observa larvas em garrafa

 BandNews FM SP


Os números da dengue em janeiro deste ano estão menores na comparação com 2010 de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Segundo a colunista da BandNews FM Mônica Bergamo, foram 39.240 casos em janeiro de 2011 contra 98.363 no mesmo mês do ano passado, uma queda de 60%.

De acordo com a colunista, os dados foram confirmados pelo ministério, mas se referem a apenas um dos meses do verão. A divulgação da diminuição de casos não foi feita pelo órgão porque poderia ser precipitada e desmobilizar a sociedade no combate à dengue.

A região Norte é a que mais preocupa o governo, principalmente os Estados do Acre e Amazonas que representaram 34% dos casos no mês de janeiro no país. Em Juiz de Fora, Minas Gerais, os casos são quatro vezes maiores do que no mês passado. 


Único meio de erradicar a dengue é eliminar o transmissor

Do Jornal da Band

pauta@band.com.br

A dengue é uma doença tratável, mas ainda não tem vacina. Por isso, eliminar o transmissor é o único meio de erradicá-la. O Brasil já conseguiu isso 50 anos atrás, mas o Aedes aegypti voltou mais resistente. As novas gerações do mosquito são imunes a muitos inseticidas e não precisam mais de água limpa para se reproduzir.

O cenário urbano é o que apresenta as condições ideais para o mosquito da dengue se desenvolver: concentração de gente significa fartura de alimento. Água parada nos quintais das casas, terrenos baldios e construções favorecem sua reprodução.

Um mosquito ágil e ávido por sangue humano. Diferente de outros insetos, o Aedes aegypti pode picar várias pessoas num curto intervalo de tempo. Depois de se alimentar, demora entre dois e quatro dias para desovar em pontos diferentes.

"Com isso ele tem facilidade de transmitir e tem uma facilidade grande de dispersão numa área.", disse o entomologista da Fiocruz Sérgio Luiz.

"No ambiente urbano, ele é um vetor, por essa biologia de se picar várias pessoas e se espalhar em vários tipos de criadouro, ele se torna um potencial inimigo da população.", completa.

O mosquito pode pôr cerca de cem ovos a cada desova. Em contato com a água viram larvas em 48 horas. Em sete dias se transformam em mosquitos. Os especialistas descobriram que os ovos tem alta resistência, podem sobreviver até um ano fora d´água.

"É um dos insetos que mais se disseminou nos últimos 50 anos. A circulação do vírus tá aumentando em todo país e trazendo um risco muito grande para a saúde da população.", afirma o médico infectologista Antônio Magela.

O Aedes aegypti chegou ao país no período colonial, veio da África nos navios que traziam os escravos. Na década de 50 chegou a ser eliminado, mas foi reintroduzido nos anos 70, provavelmente vindo de um país do Caribe.

Pesquisadores de várias instituições formaram uma equipe e passaram a atuar  juntos em Manaus. Eles coletam os mosquitos da dengue em várias partes da cidade, querem acompanhar  possíveis mudanças na biologia do inseto. Entender o comportamento do Aedes aegypti pode ditar os novos rumos no trabalho de controle do vetor da dengue.

O virologista Felipe Naveca vai mais longe: a pesquisa também vai apontar a origem e os tipos de vírus da dengue que circulam na cidade, o que pode ajudar em medidas preventivas contra a doença.

"Normalmente os vírus asiáticos estão associados com quadros mais graves ou com maior virulência. A gente conseguindo traçar como esse vírus tá se espalhando, aumenta a chance da gente ter um diagnóstico mais rápido.", declarou.

O mosquito da dengue adquiriu nas últimas décadas resistência a inseticidas. Ademir é entomologista da Fiocruz, no Rio. Segundo ele, o uso indiscriminado do fumacê e outros inseticidas colabora na formação de uma geração de mosquitos ainda mais perigosa.

O inseto também mostra que pode se adaptar a ambientes antes considerados impróprios para a reprodução.
 
“Há um cabedal genético que permite que esses organismos se adaptem a diferentes condições. Então na Austrália foi detectado que o Aedes está explorando o esgoto. Por quê? Por causa da seca que anda acontecendo por lá.”, disse o entomologista Wanderli Tadei.

São sinais de que a batalha contra o mosquito ainda vai exigir muito mais atenção e recursos.

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