domingo, 30 de janeiro de 2011

Rio Grande do Norte pode enfrentar outro surto de dengue em 2011


A Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte já prepara um plano de contingência para enfrentar o surto de dengue que se anuncia no estado. Com a incidência da doença em franca expansão, a Sesap está elaborando um fluxograma de atendimento e cobra planos de ação dos municípios onde as estratégias para o combate da dengue ainda não foram definidas. Esse foi o assunto da reunião do Comitê de Enfrentamento às Emergências de Saúde no Rio Grande do Norte,  que contou com a participação do secretário estadual, representantes da Sociedade de Infectologia, Ministério Público,  Ministério da Saúde e a secretária adjunta de Saúde, Maria do Perpétuo.
Para que a dengue pare de assombrar os potiguares a cada ano, é preciso que a vigilância sanitária, o combate aos focos, o atendimento primário e a coleta para o diagnóstico funcionem, e esses são papéis dos municípios. “Os gestores têm que priorizar as ações de base em seu município. Se não eliminarmos os focos, a gente não vai diminuir o número de pessoas que chegam ao Giselda Trigueiro de mortes. Somente os técnicos participam dessas reuniões” disse a subcoordenadora de Vigilância Sanitária do Estado, Juliana Araújo. Cabe ao Estado orientar e cobrar a execução dos planos de ação aos municípios.
O Hospital Giselda Trigueiro diagnostica 80% dos casos do estado, o que indica que o atendimento nos postos de saúde não está funcionando. A coleta de sangue para o exame que confirma a doença deve ser feita nos três primeiros dias de sintoma.
Capital
Natal apresenta alto risco de desenvolver surto em 2011 de acordo com o mapa de vulnerabilidade elaborado pela Sesap. A situação se complica pela alta densidade demográfica e pelas deficiências no atendimento básico e vigilância sanitária. “Ainda existem muitos clarões de assistência básica na capital”, disse Juliana Araújo. São 406 agentes de endemias, número  considerado insuficiente pela gerente técnica do Centro de Zoonoses de Natal, Jeane Oliveira, que solicitou concurso para contratação de mais funcionários.. “Precisamos de mais gente para completar os ciclos (são recomendadas seis visitas a cada casa). Para o secretário de Saúde de Natal, Thiago Trindade, o número de agentes está bom. “Não creio que o número seja insuficiente. Nós trabalhamos a valorização profissional (os agentes passaram a ser considerados estatutários) em 2010, então esperamos cobrar mais efetivamente desses agentes”, disse.
No primeiro semestre de 2009, foram contabilizadas nove mil faltas entre os agentes, o que chamou a atenção do Ministério Público. O órgão orientou o cumprimento do horário de oito horas por dia. Além da “cobrança mais efetiva”, o secretário citou a continuação da força tarefa, que reúne 66 homens da Marinha e Aeronáutica em missões de educação e combate aos focos pela cidade, como ações planejadas para 2011.
Outras doenças preocupam
Um relatório divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde mostrou que o Rio Grande do Norte tem evoluído pouco no combate às chamadas doenças de países subdesenvolvidos, como dengue, hepatite, esquistossomose e hanseníase.
A incidência de Aids também aumenta a cada ano: em 2000 foram notificados 178 casos, e em 2009, foram registrados 280 casos. No primeiro semestre de 2010, já eram 109 casos notificados. O número de mortes também vem crescendo nos últimos seis anos. A Sesap atribui o crescimento ao aumento populacional e mostra tendência à interiorização da doença, embora ela ainda se concentre na Região Metropolitana (Natal engloba quase mil casos). A maior parte dos doentes está entre os heterossexuais (38%), enquanto os  homossexuais são responsáveis por 24% dos casos. O tétano circulou mais no estado ano passado que em 2004: naquele ano oito pessoas adoeceram e uma morreu; em 2010, onze contraíram a bactéria e quatro morreram.
Os novos casos de sífilis congênita (que passa da mãe para o feto) pulou de 131 para 216 entre 2007 e 2009. De acordo com o relatório, isso “pode ser um reflexo da implementação de ações para a melhoria da qualidade da notificação”. Os casos de hanseníase também aumentaram de 2008, quando foram registrados 277 doentes, para 2009 (309 doentes). No primeiro semestre de 2010 já eram 122 casos. Hepatites A e C, meningites viral e bacteriana e malária também registraram aumentos em relação a a algum período da última década.
Diagnosticou-se mais tuberculose em 2009 (1.229 casos) que em 2000 (1.118 casos). Natal, Parnamirim e Mossoró encontram-se quase 60% dos casos.
Em quase 20% dos municípios do estado, não foi implantado o programa de Monitorização da doença diarréica aguda, ainda responsável por parte das mortes infantis evitáveis. Por outro lado, a última década serviu para erradicar febre tifóife, cólera, botulismo, sarampo e rubéola do estado.
Hábitos
De 2006 a 2009, os potiguares passaram a fazer mais atividade física, mas resistiram em largar o cigarro e aumentaram o consumo de álcool. De acordo com os dados da Sesap, 13% da população era ociosa em 2009 – em 2006, quase 30% da população não se exercitavam. O percentual de fumantes caiu apenas 0,7% e em 2009 era 15,5%.
Controle faz parte do discurso do Ministério
A importância do trabalho dos agentes de controle de endemias no combate à dengue, tem feito parte do discurso do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Na sexta-feira passada, o titular da pasta falou a 1,2 mil alunos do curso de formação de agentes de endemias no Rio de Janeiro. O combate à doença está entre as prioridades de gestão. A mobilização começou no último dia 5, na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), quando, em discurso para 200 servidores e diretores do órgão, o ministro ressaltou o papel do órgão no combate à doença.
Entre janeiro e fevereiro de 2011, o ministro Alexandre Padilha deverá visitar outros estados que, no momento, apresentam tendência de aumento de casos de dengue e risco de enfrentar epidemia. Na semana passada, Padilha apontou que o combate à dengue deve ser feito por meio de uma ação integrada e lembrou que os agentes de endemia assumem uma participação estratégica nessa mobilização. “São vocês que entram na casa das pessoas e que podem promover a mudança de comportamento delas para o enfrentamento da dengue”, disse Padilha.
O Ministério da Saúde enviou na sexta-feira uma equipe a Manaus para investigar um caso de dengue tipo 4. Os técnicos do ministério estão trabalhando em parceria com a Secretaria de Saúde do Amazonas e com a Secretaria de Saúde de Manaus.

Fonte: Tribuna do Norte




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